sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Resistência a Imunização às doenças infecciosas

Aula dia 19/11/2010

*Características gerais das respostas imunológicas aos micro-organismos.

-Defesa é mediada pelas imunidades natural e adquirida.
-Há diversidade e especificidade da resposta imunológica.
Essa diversidade é muito importante, porque existe inúmeros Ac, que são específicos para inúmeros Ag que existem.

- A evasão ou resistência do micro-organismo influenciam no prognóstico da doença.



Imunidade às bactérias extracelulares

-Induzem inflamação(purulentas)
-Produzem toxinas.

Imunidade Natural: Ativação do complemento(via alternativa e da lectina), fagocitose(mediada por neutrófilos e macrófagos), resposta inflamatória.Início da defesa frente às bactérias.

Imunidade Adquirida: Ação da imunidade humoral que bloqueia a infecção, neutralização de toxinas, ativação do complemento pela via clássica, produção de citocinas pelas céls T que estimulam a produção de Ac
Evasão: bactérias ricas em polissacarídeos resistem à fagocitose e inibem o complemento.
Ex: bactérias encapsuladas
Sthaphylococcus aureus, E.coli, Streptococcus pneumoniae.

Imunidade às bactérias intracelulares

-Tem capacidade de se multiplicar dentro do organismo, principalmente dentro dos macrófagos.

Imunidade Natural: consiste principalmente em fagócitos e céls NK que controlam o crescimento bacteriano.

Imunidade Adquirida: Mediada por céls citotóxicas que destroem as céls infectadas. Ex: micobactérias, causadoras da lepra e da tuberculose.


Imunidade aos fungos

Fungos são oportunistas Ex: Pneumocystes jiroveci.

Imunidade Natural: madiada por neutrófilos e macrófagos.

Imunidade Adquirida: Mediada por céls T e Ac.

Imunidade aos vírus

-Parasitas intracelulares obrigatórios.

Causam lise da célula que ele infecta.

Imunidade Natural: ocorre inibição da infecção pela ação de INF e por célula NK

Imunidade Adquirida: Mediada por células T citotóxicas, além da ação de Ac que neutralizam os vírus.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Reações de Hipersensibilidade

Aula dias 05/11/2010 e 19/11/2010

Reações de hipersensibilidade são reações excessivas e indesejáveis produzidas pelo sistema imune. Ocorre quando há uma resposta do sistema imunológico, à um Ag que não era para fazer mal (inócuo), e essa resposta é exagerada, o que leva há uma lesão do tecido.

Alérgenos:Vão causar essas reações.

Indivíduo Atópico: Quem desenvolve essa reação, indivíduo alérgico.

Exs de reações de hipersensibilidade:
-Dermatie(pele) manchas vermelhas
-Asma(respiratória) alteram a pulmão
-Rinite(coriza, coceira no nariz)

Pontos de contato com o alérgeno:

Inalado:rinite e asma
Ingerido: alergia alimentar, leva a vômito e diarréia.
Injetado: efeitos sistêmicos na circulação.. Ex: picadas de insetos.


Tipos de reações de hipersensibilidade:

Tipo I : Imediata. 15-30 minutos após exposição ao Ag(alérgeno).

1° contato: produção de IgE específica do Ag.
O Ag vai para uma APC's que o apresenta ao linf. TCD4(helper) com função de produzir citocinas e ativar os linf. B, isso faz com que se diferenciem em plasmócitos que produzem Ac, e comecem a produzir IgE específica para este Ag. Essa IgE vai para a membrana dos masctócitos e basófilos.

2° contato: promove a desgranulação dos mastócitos.
-Mediada por IgE (Ag e citocinas), mastócitos ou basófilos.
Os mastócitos e basófilos são ricos em histamina e prostaglandinas que estão contidas nos grânulos dessas céls, quando há um aumento na entrada de Ca  nos mastócitos e basófilos, acontece a liberação dessa histamina, causando edema, vasodilatação... Para entrar Ca na cél. tem que estar IgE ligada ao mastócito.

-Além da entrada de cálcio dentro dos mastócitos e basófilos, há outros fatores que liberam histamina como exercício físico, estresse emocional, agentes químicos, e alguns medicamentos. Essas reações mediadas por agentes sem interação IgE-alérgeno, não saõ reações de hipersensibilidade, mas produzem os mesmos sintomas.

- Ac's agem rápido e imediatamente à presença de Ag.

Choque anafilático: Reação gerneralizada, sistêmica, caracterizada  por vasodilatação, edema, queda de pressão, broncoconstrição. Tratado com injeção de efinefrina e adrenalina.

Produtos da ativação dos mastócitos:

Grânulos dos mastócitos e basófilos liberam:
* histamina, prostaglandinas, leucotrienos, causando= extravasamento vascular(aumenta a permeabilidade dos vasos e começa a vazar céls sanguíneas), broncoconstrição ( fechamento dos brônquios, falta de ar), Peristaltismo intestinal (diarréias, alergias alimentares).

* citocinas, prostaglandinas, leucotrienos: agem nos processos inflamatórios.

Aumento nos níveis de IgE na hipersensibilidade imediata.

Tratamentos para alergia baseados em anti-IgE

Alguns tem P.A de bloquear a ligação da IgE ao mastócito.
-Os mastócitos são sensibilizados  por ligação de IgE.
-Bloqueio da sensibilização dos mastócitos por anti-IgE.


Testes cutâneos para alergia:


Testes incluem a detecção de Ac cicrculantes contra tecidos envolvidos e a presença de Ac e complemento na lesão(biópsia).
São aplicadas Ag e analisados o tamanho do edema (pápula).


Tipos de tratamentos para alergia:


*Sintomáticos: 


-Bloqueio dos receptores: anti-histamínicos, antileucotrienos.


-Broncodilatadores: β-agonistas (inalados)


*Evitar a desgranulação dos mastócitos: 
Inibir o influxo de Ca. Ex:Cromolin Sódico.


* Imunoterapia:

-Hiposensibilização: Administrado dose pequena do alérgeno.
-Administração de anti-IgE: Administrados doses que inibem a IgE, impede que ela se ligue ao mastócito.

*Anti-histamínicos:
A histamina liberada pelos mastócitos tem seus receptores nas céls, anti-histamínicos se liga antes e impedem que a histamina se ligue, no receptores de mastócitos e basófilos e provoquem a desgranulação e leve ao processo alérgico.


Tipo II: Citotóxica
- tempo de reação: minutos a horas

Mediada por: IgG e IgM
Ac's se ligam a Ag presentes nas membranas das céls., levando a lise celular por fagocitose.

Participação do sistema complemento (C3a, C5a).

Tipo III : Complexo Imune

-tempo de reação: 3 a 10 horas.

Mediada por : IgG e IgM, pela formação de complexos imunes solúveis depositados nos tecidos e sangue.

Ex: doença do soro (febre, mal-estar, urticária).

Tipo IV: Tardia

Granuloma tópico, aparecem só depois de 10-20 dias.
Mediada por: céls T (T dependente), macrófagos.

Manifestações clínicas: dermatite de contato, vermelhidão, inchaço, descamação.

-Inflamação: mediada por citocinas e macrófagos.

-Lesão tecidual ocorre pela intensa e prolongada ativação dos macrófagos no local da infecção.

Artigo: ALIMENTAÇÃO E SISTEMA IMUNOLÓGICO

ALIMENTAÇÃO E SISTEMA IMUNOLÓGICO

Alexandre Abujamra Tomasini, Ana Paula Nicolau, Fabiana Lira, Laiana Karla Maduenho, Laryssa Fontana Henriques.

RESUMO

O sistema imunológico é o responsável por fazer o combate das doenças e patogenias, causadas por vírus, bactérias, fungos, proteínas e outros antígenos.
Alguns tipos de alimentos como as vitaminas A, C, E e ácido fólico, juntamente com os minerais, selênio e o zinco ajudam a manter esse sistema funcionando perfeitamente, evitando e tratando doenças.

Palavras-chave: Sistema Imunológico, alimentos, vitaminas.


INTRODUÇÃO

Pouco tempo após nascermos já estamos expostos a muitos agentes causadores de patogenias, como as bactérias, vírus, fungos e outras substâncias estranhas que podem invadir e agredir nosso organismo. No entanto, possuímos um sistema capaz de nos proteger, de infecções e outros danos, causados por estes agentes, o sistema imunológico.
A função fisiológica do sistema imunológico é a defesa contra micro-organismos infecciosos. Entretanto, até mesmo substâncias estranhas não infecciosas podem desencadear uma resposta imunológica. (ABBAS, 2008).
Porém, esse sistema pode muitas vezes ficar fragilizado, debilitado, e quando isso nos acontece, nos tornamos suscetíveis a todos os agentes estranhos causadores de doenças, que tendem a provocar resfriados, gripes ou outras doenças mais sérias, como infecções e outros. Existem vários fatores que podem levar a essa debilitação, entre eles um das mais importantes é a influência de alguns alimentos, na dieta consumida.
Alimentos exercem grande influência no funcionamento do sistema imune, um organismo bem nutrido, que possui uma dieta balanceada consumindo frutas, verduras, legumes e grãos está muito mais bem preparado para enfrentar gripes, infecções e outras doenças do que um indivíduo mal nutrido, cujo cardápio é rico em alimentos gordurosos, processados e com excesso de açúcar. Isto porque as vitaminas e minerais que potencializam as nossas defesas orgânicas estão presentes em grande quantidade nas frutas, grãos e hortaliças em geral. "Muitas das importantes infecções das populações humanas tornam-se mais severas quando há má-nutrição e muitas infecções isoladamente causam alterações nutricionais".( SCRIMSHAW, em 1959).
Muitas doenças crônicas, incluindo infecções, arterosclerose, artrite, câncer tem suas raízes em alterações do sistema imune e seu curso pode ser alterado com o uso de tratamentos nutricionais. Os nutrientes derivados das proteínas, carboidratos e gorduras, assim como os micronutrientes, vitaminas e minerais interagem sistematicamente nos diversos compartimentos do sistema imune. O efeito de qualquer nutriente específico depende de sua concentração e de sua interação com os outros nutrientes. Além disso, os antígenos (Ag) alimentares quando são absorvidos podem estimular uma resposta imune causando uma resposta inflamatória ou levando ao desenvolvimento de uma tolerância imune.
As proteínas alimentares são ao mesmo tempo fatores nutricionais indispensáveis e também fortemente antigênicos, portanto o desenvolvimento de uma resposta imune adequada a estas substâncias é muito grave; se for intensa não só pode diminuir a absorção das mesmas mas também pode causar reações potencialmente perigosas (alergias alimentares). Por outro lado e ao mesmo tempo, a incapacidade de eliminar micro-organismos ingeridos pode trazer conseqüências patológicas conhecidas. A exposição pós-natal a antígenos alimentares e a aquisição da flora intestinal são eventos críticos que modulam o desenvolvimento do sistema imunológico e a indução de tolerância oral a uma variedade de antígenos ingeridos.
Os benefícios da tolerância oral às proteínas alimentares são óbvios, mas cerca de 8% das crianças e 1% dos adultos tem hipersensibilidade a alimentos ou alergias. As alergias alimentares acontecem quando o sistema imunológico reconhece algum componente do alimento como uma substância estranha e perigosa. Então, ao ser ativado na tentativa de se defender deste ataque, libera substâncias que provocam diversas reações que podem atingir o sistema digestivo (dor abdominal, náuseas, diarréia), o sistema respiratório (dificuldade respiratória, tosse, rinite), o sistema cardiovascular (taquicardia), a pele (eczemas ou vermelhidão), o sistema nervoso (enxaquecas) e, dependendo da intensidade da reação, podem provocar o chamado edema de glote. Esta condição se associa tipicamente a reações mediadas pela IgE a glicoproteínas dos alimentos, embora existam alergias não mediadas pela IgE. As alergias alimentares habitualmente são familiares (principalmente às nozes, grãos, ostras, etc.) o que origina respostas gastrintestinais, angioedema, rinoconjuntivite e, embora menos freqüentemente, asma. Os sintomas ocorrem quando o antígeno junta-se à IgE específica, localizada nos mastócitos, levando a desgranulação dos mesmos com liberação de histamina, serotonina e peptídeos vasoativos. A exposição neo-natal precoce ao antígeno tem implicações profundas à longo prazo, conduz, a depender dos casos à indução de tolerância, sensibilização alérgica e imunidade protetora.
É importante fazer referência aos estados leves de desnutrição, inaparentes, ocasionados pela dieta ocidental habitual, considerada normal, pobre em frutas, verduras frescas, legumes e grãos integrais; rica em farinhas e açucares refinados (que são privados de suas fibras e micronutrientes), excessiva em proteínas animais, gorduras saturadas e em azeites alterados quimicamente(por hidrogenação e/ou geração de isômeros trans). Estes são prováveis fatores de peso no surgimento precoce de doenças imunológicas próprias da velhice: aterosclerose, câncer, doenças auto-imunes. Nos últimos anos notou-se um aumento da incidência de doenças auto-imunes e câncer, em relação com a diminuição de doença cardiovascular devido ao aumento da ingestão de azeite de oliva.


1. FONTES DE VITAMINAS E MINARAIS

As principais vitaminas e minerais que atuam fortalecendo nosso sistema imunológico são as vitaminas A, C, E e ácido fólico, e os minerais zinco e selênio.


1.2 VITAMINA A

A vitamina A pré-formada é encontrada apenas em alimentos de origem animal. Sua deficiência é um problema sério de saúde pública, sendo a maior causa de mortalidade infantil em países em desenvolvimento. Uma deficiência prolongada pode produzir alterações na pele, cegueira noturna, ulcerações na córnea que podem levar à cegueira, distúrbios de crescimento e dificuldade de aprendizado na infância (WHO/UNICEF, 1995). Por outro lado, a vitamina A em excesso é tóxica, podendo causar má formação congênita se ingerida em excesso durante a gravidez e doenças ósseas em portadores de deficiência renal crônica. Os carotenóides são convertidos em vitamina A, à medida que o organismo necessita, com graus variáveis de eficiência. As formas de caroteno pró-vitamina A são encontradas nas hortaliças folhosas verde-escuras e nas amarelo-alaranjadas. Essa vitamina apresenta um papel muito importante na manutenção da integridade das membranas mucosas. Por isso, a sua deficiência no nosso organismo provoca uma redução do número de linfócitos T circulantes, aumentando a probabilidade de infecções bacterianas, virais ou parasitárias. Os alimentos considerados ricos nessa vitamina são: cenoura, abóbora, fígado, batata doce, damasco seco, brócolis e melão.

1.3 VITAMINA C

Essa vitamina antioxidante estimula a resistência às infecções através da atividade imunológica de leucócitos. Ela aumenta a produção dessas células de defesa, que tem efeito direto sobre bactérias e vírus, elevando a resistência a infecções. Acerola, frutas cítricas (limão, laranja, lima), kiwi, caju, espinafre, tomates e vegetais folhosos crus, morangos, repolho e pimentão verde são fontes excelentes dessa vitamina. Porém, deve se estar atento na hora de consumir, a vitamina C é facilmente destruída pela luz e pelo calor. Um suco de laranja com acerolas, por exemplo, deve ser consumido imediatamente após preparo para que não haja grande perda da vitamina C.



1.4 VITAMINA E

Essa vitamina tem a capacidade de interagir com as vitaminas A e C e com o mineral selênio, agindo como antioxidante. Sua função primordial é proteger as membranas celulares contra substâncias tóxicas, radiação e os temerosos radicais livres que são liberados em qualquer reação química do organismo e podem causar sérios danos às estruturas das células, detonando o processo de envelhecimento e desencadeamento de algumas formas de carcinogênese. Alimentos ricos em vitamina E são o gérmen de trigo (fonte mais importante), óleos de soja, arroz, algodão, milho e girassol, amêndoas, nozes, castanha-do-pará, gemas, vegetais folhosos e legumes.


1.5 ÁCIDO FÓLICO
Essa vitamina é essencial para a formação dos leucócitos (glóbulos brancos) na medula óssea. As melhores fontes são fígado, feijão, hortaliças de folhas verde-escuras, principalmente aspargo, brócolis e espinafre, e frutas como abacate, laranja, morango e tomate. Entre 25 e 50% do folato da dieta é nutricionalmente disponível. De 50 a 95% é perdido durante o processamento e o preparo doméstico do alimento, principalmente em altas temperaturas. Uma perda considerável ocorre durante o armazenamento de hortaliças à temperatura ambiente. Assim, recomenda-se o consumo de hortaliças frescas e cruas ou pouco cozidas. O álcool interfere na sua absorção e/ou aumenta a sua excreção. O folato é destruído por drogas, anticoncepcionais e cafeína.

1.6 SELÊNIO

Assim como a vitamina E, esse mineral possui grande capacidade antioxidante, ou seja, neutraliza a ação dos radicais livres (formados devido a ação dos raios solares, poluição, fumaça de cigarro, entre outros) no nosso corpo, retardando o processo de envelhecimento e evitando o desencadeamento de algumas formas de câncer. Está presente, entre outros alimentos, em castanha-do-pará, alimentos marinhos, fígado, carne e aves, em brócolis, couve, aipo, pepino, cebola, alho e rabanete.


1.7 ZINCO

No sistema imunológico o zinco desempenha papel fundamental, pelo fato de as células do sistema imune apresentar altas taxas de proliferação, e este mineral estar envolvido na tradução, transporte e replicação do DNA. O zinco pode, ainda, afetar o processo de fagocitose dos macrófagos e neutrófilos, interferir na lise celular mediada por células natural killer e ação citolítica das células T. A influência direta do zinco no sistema imune acontece devido a este elemento estimular a atividade de enzimas envolvidas no processo de mitose, como a DNA e a RNA polimerase, timidina quinase, desoxiribonucleotidol terminal transferase e ornitina descarboxilase. A deficiência de zinco está relacionada com a atrofia do timo, assim como de outros órgãos linfóides e a linfocitopenia (grande diminuição do número de linfócitos) em animais e humanos. A modificação nas proporções de linfócitos pode contribuir para o desequilíbrio do sistema imunológico, afetando sua resposta e sua regulação.






CONCLUSÃO

Hoje já está comprovado que o consumo de uma dieta saudável, é essencial para manutenção do ótimo funcionamento do sistema imune, prevenindo, e até combatendo doenças. Uma alimentação saudável deve ser capaz de reduzir os níveis de marcadores inflamatórios, favorecendo a produção de citocinas antiinflamatórias, contribuindo para a prevenção ou o controle de doenças. Tal dieta deve apresentar teor energético capaz de manter o peso corporal adequado, sendo composta por teor moderado de gordura, baixos teores de açúcares simples, de gorduras trans e saturada, sendo rica em frutas, hortaliças e alimentos integrais.(Júnia M. Geraldo; Rita de C. G. Alfenas, 2008).

'Faça do alimento o seu medicamento' (Hipócrates. 377 a.C.)




















REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABBAS, Abul K., LICHTMAN, Andrew H. Imunologia celular e molecular. 6 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.
Arquivo de artigos Scielo - Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-27302008000600006Arq Bras Endocrinol Metab vol.52 no.6 São Paulo Aug. 2008, acesso em 18/10/2010, às 11:21.
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-05362006000400001&script=sci_abstract&tlng=pt, acesso em 19/10/2010, às 10:17.


http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1415-52732005000200009&script=sci_arttext, acesso em 19/10/2010, às 10:36.


http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1415-52732007000500008&script=sci_abstract&tlng=pt, acesso em 19/10/2010, às 10:45.



Arquivo de artigos Bibliomed – Disponível em:
http://www.bibliomed.com.br/lib/showdoc.cfm?LibCatID=1&Search=imunologia&LibDocID=11591, acesso em 18/10/2010, às 14:34

http://www.desnutricao.org.br/home.htm, acesso em 18/10/2010, às 14:45


http://revistagalileu.globo.com/Galileu/0,6993,ECT940032-1718-2,00.html, acesso em 19/10/2010, às 11:11


http://portaldahepatite.com.br, acesso em 21/10/2010, às 14:52.


SALGADO, Jocelem Mastrodi. "Previna Doenças. Faça do Alimento o seu Medicamento". São Paulo: Madras, 2006.


PEREIRA, Regina Célia. Alimente seu sistema imune. Disponível em: . Acesso em 13 de outubro de 2010.

Autoimunidade

Aula dia 11/11/2010

A principal função do sistema imune é distiguir Ag estranhos de componentes próprios nos diferentes tecidos.


Auto tolerância

1-pela deleção clonal de linfócitos T auto-reativos.

2-pela deleção clonal de linfócitos B auto-reativos.

3-Pela pressão funcional de linfócitos T e B auto-reativos.

Conceito: Resposta do sistema imune contra Ag próprios.

Doença Autoimune

- Síndrome provocada por lesão tecidual ou alteração funcional desencadeados por uma resposta autoimune.
- Origem dessas doenças são desconhecidas.
- Escape de clones celulares auto0-reativos.
- Reatividade cruzada com Ag
- Modificação de Ag próprios,
- Reatividade cruzada e Ag exógenos.
- Desregulação de citocinas.

*Suscetibilidade Genética

- Genes relacionados a autotolerância expressam produtos defeituosos.

*Fatores ambientais-infecções, dieta, estresse

- Reações cruzadas entre Ag microbianos e próprios.

*Influência Hormonal

* Doenças órgãos-específicas:
-Doença de Greves
-Anemia perniciosa
-Diabetes
-Esclerose Múltipla
-Masteria grave

* Doenças Sistêmicas:
-Lúpus Eritematoso Sistêmico
- Artrite Reumatóide

Tolerância Imunológica

Aula 22/10/2010

Tolerância é a não resonsividade do sistema imunológico a um Ag.
Há momentos que nossas células devem ser tolerantes, porque nós também possuímos Ag prórpios, daí a importância da tolerãncia em casos de transplantes, gravidez, doenças auto imunes, essas doenças auto imnues só acontecem porque a tolerãncia falhou.

Tolerógeno: Ag que induz a tolerância, Ag que o sistema imune não ataca.

É dividida em tolerância central e periférica:

Tolerância central: Linfócitos imaturos + Ag
Os linfóctitos que reconhecem Ag próprios, são destruídos por apoptose(morte celular progrmada, linf. auto reativos), ou inativados, ou mudam a sua estrutura, mudando assim a sua especificidade.

Tolerância periférica: Linfócitos madutos + Ag
Acontece em indvíduos adultos, porque em algum momento os linfócitos passam atacar a suas próprias céls.
Os linfócitos que reconhecem Ag próprios, são destruídos por apoptose, ou acontece a anergia (inativação, pela produção de uma substãncia inibidora, acontece a não responsividade), Ou supressão por céls T reguladoras ( produzem substãncias que inibem esses linfócitos, eles se tornam incapazes de responder).

Propriedades especiais dos Ag próprios:

- Não provocam inflamação. Não possuem essa capacidade pois não são auto reativos.
- APC's apresentam pouco ou nenhum co-estimulador.

Tolerância aos Ag do feto durante a gravidez:

- IL-6 e Il-10 funcionam como anti-apoptóticas
- produção de enzimas pela placenta que atacam os linfócitos T auto reativos.
- céls do feto produzem inibidores do sistema complemento., impede os processos inflamatórios.

domingo, 10 de outubro de 2010

Mudanças simples no dia a dia podem ajudar a controlar alergias, asma, rinite e sinusite

Se você faz parte do grupo de brasileiros que luta diariamente contra a coceira, os olhos vermelhos e os espirros, fique atento. Novos estudos indicam que alguns hábitos diários, como tomar uma taça de vinho no jantar ou lavar a roupa com água fria, podem piorar as crises. Confira abaixo o resultado de novas pesquisas e comece a colocá-los em prática. Diminua o estresse no trabalho -Alergias e ansiedade estão intimamente ligadas, afirma um estudo da Ohio State University. Alérgicos são mais estressados, dormem menos e costumam ser mais sensíveis aos problemas do dia a dia. Os hormônios do estresse, como o cortisol, aumentam a taxa de IgE, uma proteína no sangue que estimula as reações alérgicas. Dormir melhor, organizar a agenda e delegar funções podem melhorar muito os sintomas, afirmam os pesquisadores americanos.
Evite a taça de vinho com o jantar - Cada taça de vinho ou copo de cerveja aumentam o risco de uma crise de rinite em 3%, indica um estudo feito pela Universidade do Sul da Flórida. O motivo são as bactérias e a levedura das bebidas alcoólicas, que estimulam a produção de histaminas e aumentam a coceira nos olhos e no nariz e pioram o nariz entupido. O médico Richard Lockey, coordenador da pesquisa, sugere evitar o álcool nas semanas em que os sintomas alérgicos já estiverem exacerbados.
Lave a roupa com água quente -A água fria não mata ácaros e fungos que podem causar irritações, afirma um estudo feito por médicos sul coreanos. Se não for possível lavar toda a roupa com água quente, lave pelo menos a roupa de cama e as capas de almofadas.
Não demore muito para tomar o antialérgico - Os anti-histamínicos funcionam melhor quando tomados antes da exposição ao alérgeno, afirma o Colégio Americano de Alergia, Asma e Imunologia. Se você é alérgico à grama ou ao pólen, por exemplo, é melhor tomar o remédio antes de sair de casa em vez de no meio do passeio.
Evite certas plantas em casa - Mais de 75% das pessoas alérgicas a certos tipos de pólen costumam ter flores em casa, indica um estudo feito na Bélgica. A exposição constante aos alérgenos pode estimular ou piorar as crises. Ficus, yucca, orquídeas e samambaias costumam ser plantas ruins para alérgicos.
Cuidado com os amigos fumantes - Mesmo quem não fica perto de fumantes pode acabar sendo exposto às toxinas carregadas pelas roupas e pelos cabelos de quem fuma. Ter amigos ou parentes fumantes pode aumentar o risco de alergias em 80%, mostra um levantamento feito pelo National Institute of Environmental Health Sciences.
Tome banho antes de dormir - Tomar uma chuveirada à noite ajuda a reduzir a quantidade de sujeira, pólen e fungos em casa, mostra um estudo feito por médicos do Atlanta Allergy and Asthma Clinic. O ideal é tirar os sapatos logo que passar pela porta, e tomar uma ducha ou trocar de roupa antes de sentar no sofá ou deitar na cama.
Fique atento às aulas na piscina -Natação e hidroginástica são ótimas para a saúde, mas o cloro da piscina pode causar estragos no seu sistema imunológico, afirma o naturopata americano Andrew Weil. Um estudo recente publicado na revista "Pediatrics" mostrou que crianças que nadam em piscinas com cloro costumam ser mais alérgicos do que aqueles que nadam em piscinas sem cloro ou com água salinizada. Um jeito de minimizar as alergias é usar óculos de natação durante o exercício, preferir piscinas ao ar livre (que costumam ter uma concentração menor de cloro) e tomar uma ducha logo que acabar a aula.

Fonte: http://oglobo.globo.com/vivermelhor/mat/2010/04/15/mudancas-simples-no-dia-dia-podem-ajudar-controlar-alergias-asma-rinite-sinusite-916345060.asp

sábado, 9 de outubro de 2010

Meditação reduz a ansiedade e o estresse e auxilia na cura de doenças

Pacientes do hospital da Unifesp estão aprendendo a estimular o cérebro através da meditação. Na UnB, uma pesquisa está avaliando os efeitos da meditação no cérebro de pacientes que tiveram câncer de mama.

Fonte: http://conscienciologia.webs.com/apps/blog/entries/show/4272393-medita-


Existe um mundo de possibilidades ao nosso redor. Como perceber cada detalhe, se é uma enxurrada de informações inundando nosso cérebro o tempo todo? E nem sempre estamos atentos. Qual o melhor caminho a seguir? Como ativar determinadas áreas do cérebro que podem nos ajudar a viver mais e melhor? Passo a passo, vamos tentando descobrir.

Os cientistas já têm o mapa e estão pesquisando os benefícios de uma técnica milenar que veio do oriente: a meditação. Ela pode ser um guia muito útil.
Fomos a um sítio a poucos quilômetros da cidade de São Paulo. Nesse encontro, vamos conhecer voluntários de um estudo clínico que está sendo desenvolvido pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Eles são pacientes do Hospital de São Mateus, um bairro pobre na periferia da cidade.

O pedreiro Paulo Pedrosa da Silva, de 76 anos, conta que nunca tinha ouvido falar em meditação. “Não vou falar para senhora que é fácil, mas também não é difícil, porque tudo vai depender de cada um de nós”, comenta.
Esses senhores e senhoras estão aprendendo a estimular o cérebro através da meditação. “Eu comecei a fazer a meditação e comecei enxergar dentro de mim. O que eu precisava fazer para mim. Eu sou diabética, hipertensa, tenho colesterol altíssimo. Aprendi a me alimentar, aprendi a esperar e a ouvir. E eu fui melhorando. Não tive mais crise de diabetes, não tive mais a hipertensão que subia”, revela Nilda Maria de Jesus, de 64 anos.
Nilsa de Souza Silva, de 76 anos, conta ainda que até aposentou a bengala. “Hoje, eu estou outra. Dois anos atrás, eu fiz o exame. Tinha coluna desviada, bico de papagaio e artrose. Um mês atrás, fiz o exame novamente, e o médico me garantiu que eu não tenho nada na coluna. E eu estou toda feliz”, diz.
“A pessoa passa a encarar a realidade de outro jeito. Disso, decorre uma mudança postural, uma mudança na vitalidade, na imunidade, porque isso atua no que hoje se chama de um único sistema psico-neuro-imuno-endócrino. Então, na medida em que você atua na nascente desse rio, ele cascateia de forma diferente, e o resultado final é outra água, é outro resultado. E no final, você vai ter saúde”, explica o médico gerontólogo Fernando Bignardi, da Unifesp.
Na Universidade de Brasília (UnB), outra pesquisa está avaliando os efeitos da meditação no cérebro de pacientes do hospital universitário, que tiveram câncer de mama.
“Ela (a meditação) deprime as emoções negativas, reduz os hormônios do estresse, aumenta os hormônios como a melatonina, que é um hormônio que ativa o sistema imunitário, deprime as células tumorais. Então, o sistema de defesa, os três sistemas das pessoas começam a funcionar de maneira normal, de maneira equilibrada, de maneira harmônica, de maneira plena. E vem a cura”, aponta o professor titular de Imunologia Carlos Alberto Tosta, da UnB.
“Vinha aquela bateria de exames de A a Z. De primeiro, quando falavam em cintilografia, petscam, esses nomes davam medo. Você está sempre em alerta”, conta a geógrafa Eliane de Nascimento Pinto.
Tudo indica que a prática da meditação reduz a ansiedade e o estresse. “Cortisol é o hormônio do estresse. Com a diminuição do cortisol, há também a diminuição desse estresse, no caso, não só psíquico, com a luta contra a doença, mas também do estresse físico. O organismo é muito atingido por esses tumores que começam a se reproduzir”, declara o psiquiatra Juarez Castellar, da UnB.
É importante frisar que todas as pacientes fizeram o tratamento convencional para combater o câncer. “Não é uma alternativa ao tratamento convencional. É um complemento ao tratamento convencional”, ressalta o professor Carlos Alberto Tosta, da UnB.
“Eu levei a sério. Eu fazia de manhã e à noite, como se fosse um remédio que eu estava tomando”, conta a professora aposentada Janes Castro Teixeira.
“No final, quando nós fizemos o levantamento desses minutos meditados, as que meditaram maior tempo tiveram resultados melhores”, revela o psiquiatra Juarez Castellar.
Foi o que mostrou também aquele o clínico feito com os idosos de São Mateus, que começou em fevereiro deste ano. Mais de 70% melhoraram a postura. Quase 60% passaram a dormir melhor e a sentir menos dores.
“Com dois meses da efetiva prática, nós fizemos uma avaliação, com entrevistas individuais. E foi uma surpresa, porque o depoimento das pessoas mostrava essa mudança, mudança na postura, mudança no humor, que é uma coisa maravilhosa”, afirma a diretora Maridite Oliveira, do Hospital Geral de São Mateus.
Desligar dos problemas e fazer uma viagem para dentro de nós mesmos em um sítio não parece tão difícil. Mas será possível esquecer completamente o mundo exterior, se concentrar e meditar estando no meio da cidade grande, com todos os ruídos que ela tem, mais a pressa, o movimento e a poluição?
A psicóloga Helena Fontes garante que sim. Foi em um momento de crise que ela começou a meditar. “Eu estava passando por uma fase muito doída da minha vida, estava me separando e foi doído. Quando eu medito, não vou para nenhum lugar. Eu fico na minha presença, comigo mesma”, conta.
“Quando você vê, por exemplo, um ventilador em movimento, você não consegue ver rápido aquelas hélices. Você sabe que tem lá, e a meditação ela te dá uma pausa para a vida. Você consegue ver na sua vida sutilezas da vida, mas isso quem te traz é a prática de uma meditação. Isso não é místico. Não tem nada a ver com isso. É apenas a atenção”, ressalta a psicóloga. “As guerras internas se acalmam. Você vê a hélice do ventilador direitinho e você se refresca”.
Uma pesquisa, realizada no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, avaliou os efeitos da meditação intensiva no cérebro. “Tem muitos benefícios imunológicos, muitos benefícios psicológicos, tem muitos benefícios psiquiátricos, cardiovasculares, sem dúvida nenhuma. Provavelmente, tudo beneficia na meditação”, afirma o neurologista João Radvany, do Hospital Albert Einstein.
Os voluntários foram divididos em dois grupos: os que estavam habituados a meditar, como a Helena, e os que nunca haviam meditado antes. A neuropsicóloga Ivanda Tudesco participou do estudo e se surpreendeu.
Apesar das dores no joelho e da dificuldade para começar a meditar, ela acha que valeu. “Eu acho que eu saí diferente. A palavra seria: ‘mais focada’, nos meus objetivos, no que eu estou fazendo aqui e agora”, aponta Ivanda.
“Para um iniciante, o grande ganho é aprender a relaxar e ao mesmo tempo manter a atenção. Não é simplesmente relaxar para dormir, mas é relaxar a tal ponto que você consegue desempenhar as suas atividades e, muitas vezes, desempenhar as atividades até melhor do que antes que você não praticava a meditação”, conta a pesquisadora Elisa Kozasa, do Instituto do Cérebro, do Hospital Albert Einstein.
Os primeiros resultados indicam que a área do cérebro responsável pela atenção fica bastante ativada nas pessoas que meditam. Conhecendo o caminho, fica mais fácil chegar lá.

Fonte: http://g1.globo.com/globo-reporter/noticia/2010/10/meditacao-reduz-ansiedade-e-o-estresse-e-auxilia-na-cura-de-doencas.html



Fonte: http://www.salutarsaude.com.br/artigo_visualizar.php?id_art=5

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Teste detecta se rim transplantado sofrerá rejeição

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Índice

Pesquisadores da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) descobriram que é possível identificar, por meio de um exame de urina, a predisposição de pacientes transplantados renais a desenvolver fibrose no enxerto.
A fibrose é um processo natural de cicatrização do organismo que ocorre em reação a uma lesão ou trauma, e é o principal fator que pode levar à rejeição crônica e à perda dos rins transplantados. Ao detectarem fatores que darão origem à fibrose, os médicos podem tentar tratamentos para evitá-la.
Uma das pesquisas do grupo da Unifesp avaliou 92 pacientes transplantados renais e mostrou que praticamente a metade deles apresentou índice elevado de RBP (Retinol Binding Protein) na urina, uma proteína que indica se a pessoa tem predisposição à fibrose. Análises posteriores indicaram que muitos desses pacientes apresentaram rejeição crônica.
Um outro estudo randomizado, ainda em andamento, observou que é possível tratar esses pacientes antes que ocorra a fibrose e a perda do rim transplantado, afirma Álvaro Pacheco e Silva Filho, professor de nefrologia na Unifesp e coordenador do laboratório de imunologia clínica e experimental.
"Seguimos dois grupos durante um ano. Naquele em que modificamos a medicação, conseguimos melhorar o nível da proteína e a função dos rins. No outro, em que a medicação não foi modificada, a função dos rins piorou e o marcador [RBP] continuou alto", diz.
Hoje, só é possível identificar a ocorrência da fibrose por meio da biopsia, que é feita quando o órgão já está com a função comprometida, com poucas chances de cura e risco elevado de perda do rim.
"Não adianta detectar o problema e não conseguir resolvê-lo. Agora podemos saber precocemente a chance de o órgão apresentar fibrose e modificar isso", explica Silva Filho, da Unifesp. (CC)


Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/saude/sd2611200903.htm

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Luta contra a resistência das bactérias

Novo composto pode tornar antibióticos mais eficazes

Floyd E. Romesberg obteve seu doutorado na Universidade Cornell em 1994, depois de anos pesquisando como os sais dialquilamidas de lítio, usados para remover prótons de substâncias, reagem e em qual velocidade. Depois de defender a tese, decidiu fazer pós-doutorado em uma área diferente na Universidade da Califórnia em Berkeley, onde obteve a promessa de seu orientador, o bioquímico Peter G. Schultz, de que poderia dizer adeus à físico-química e mergulhar de vez na imunologia.

No laboratório de Schultz, Romesberg ficou intrigado sobre o processo molecular que fundamenta a evolução. Hoje, seu laboratório no Instituto de Pesquisa Scripps, em La Jolla, Califórnia, investiga diferentes questões relacionadas ao processo evolutivo. A pesquisa que talvez tenha importância prática mais imediata tenta compreender como o curso evolucionário às vezes apresenta excesso de atividade. Esse conhecimento poderia ser usado para bloquear o processo fundamental que permite à bactéria sofrer rápida mutação, o que pode levar à superação da resistência bacteriana a antibióticos.
Mutações genéticas normalmente provêm de erros que ocorrem no momento em que uma célula se reproduz. Muitas vezes elas ferem as células; por isso, estas evoluíram para sofrer o mínimo de mutação. As células vêm equipadas com seu próprio controle de qualidade e equipamento de reparo para garantir que o DNA seja copiado com o menor número de erros possível. Ainda assim, às vezes uma célula adota o processo da mutação genética - em essência, evolução em velocidade acelerada.
Desde a década de 70, os cientistas conhecem um processo - a resposta SOS - que aproveita a mutação como forma de autodefesa. Quando as bactérias estão sob tensão extrema, elas inicialmente tentam reparar o dano de vários modos. Em seguida, acionam genes cujos produtos protéicos desencadeiam uma série de mutações que ocorrem 10 mil vezes mais rápido que aquelas originárias durante a replicação normal.
Essencialmente, as células sofrem uma rápida mudança de identidade.
A bactéria Escherichia coli, por exemplo, responde ao dano prolongado no DNA causado pela ciprofloxacina (ou simplesmente cipro) e por outros antibióticos mandando um SOS. As mutações impedem que a droga se ligue a seu alvo - a proteína girase, que é necessária para a replicação do DNA. Se a bactéria não a protegesse, o antibiótico se ligaria a ela e como resultado, evitaria a replicação normal, causando quebras no DNA que levariam à morte da bactéria.
Romesberg decidiu investigar se a cascata de mutações que permite o surgimento da resistência a antibióticos na E. coli poderia ser evitada caso o sistema de SOS fosse desligado. Em experimentos publicados em junho de 2005 na PLoS Biology, Romesberg, Ryan T. Cirz, Jodie K. Chin e colaboradores da Universidade de Wisconsin, em Madison, descobriram que a ciprofloxacina induz o pedido de socorro na E. coli ao desencadear a quebra de uma proteína chamada LexA, que mantém a resposta de SOS reprimida. Uma vez rompida, a proteína repressora permite que três enzimas DNA polimerases comecem a produzir mutações, desenvolvendo a resistência.
 
Fonte: http://www2.uol.com.br/sciam/artigos/luta_contra_a_resistencia_das_bacterias.html

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Primeiro coração artificial orgânico é exibido por franceses

Cientistas acreditam que o órgão poderá ser utilizado em transplantes a partir de 2011


Primeiro coração artificial feito com materiais orgânicos

O primeiro coração completamente artificial feito com matérias orgânicas foi apresentado por pesquisadores franceses. Após 15 anos de trabalho os cientistas crêem que o coração possa ser utilizado em transplantes dentro de 2 anos.

Tendo as suas pesquisas com um custo de 55 milhões de euros, o novo coração é capaz de resolver importantes problemas que foram encontrados em próteses cardíacas artificiais. O principal deles é o fim do desenvolvimento de coágulos quando o sangue entra em contato com materiais que não são naturais. Estes coágulos multiplicam o risco de acidentes cardiovasculares (AVCs) nos transplantados.
O professor Alain Carpentier, diretor do projeto e médico do hospital Georges Pompidou de Paris, afirmou que " os materiais biológicos utilizados no órgão são hemo-compatíveis, limitando o perigo de coagulação" . Ele também esclareceu que a novidade é dotada de um sistema avançado, capaz de evitar problemas e se adaptar mais facilmente ao paciente. Dessa forma " o órgão dará uma vida normal aos pacientes que sofreram um infarto ou que não têm acesso a um coração" assegurou o cientista.


Burocracia e Desenvolvimento
Após o sucesso de testes com vacas o desejo dos pesquisadores é testar agora com seres humanos. Porém devido ao processo técnico e burocrático são esperados dois anos até essa realização.
Enquanto isso o desenvolvimento final do aparato será primordial. Os pesquisadores pretendem prolongar a vida útil da prótese de 5 para 20 anos e aumentar o tempo de duração das baterias, facilitado a vida do paciente.

Fonte: http://www.isaude.net/pt-BR/noticia/522/ciencia-e-tecnologia/primeiro-coracao-artificial-organico-e-exibido-por-franceses

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Identificada via de comunicação molecular para sucesso do transplante de medula

A inibição farmacológica da via de sinalização desencadeada pelo EGFR aumentou a mobilização de células-tronco hematopoiéticas


Profissionais realizam procedimento de transplante de medula


Uma equipe de pesquisadores do Hospital Infantil de Cincinnati identificaram uma via de comunicação molecular, que influencia na mobilização de células-tronco hematopoiéticas (do sangue), capaz de melhorar as taxas de sucesso no transplante de medula óssea.
A inibição farmacológica de uma via de sinalização desencadeada pelo EGFR (receptor do fator de crescimento epidérmico) elevou a mobilização de células-tronco hematopoiéticas em camundongos. A descoberta fornece bases científicas para o aumento da eficácia do transplante de medula óssea autólogo, no qual o paciente doa suas próprias células-tronco antes do procedimento.
"Até 10% dos doadores de medula óssea não conseguem mobilizar um número suficiente de células-tronco, o que impede o transplante autólogo e significa atrasos no tempo de recuperação de transplante", disse Hartmut Geiger, pesquisador da divisão de hematologia experimental e Biologia do Câncer em crianças de Cincinnati e líder do estudo. "Nossos resultados revelam uma nova lógica nas abordagens farmacológicas para melhorar a mobilização de células-tronco e os resultados da cirurgia".
O transplante autólogo de medula óssea é frequentemente usado para restaurar o sistema hematológico de uma pessoa, após ter recebido a radioterapia para tratamento do câncer. Exposições à radiação danificam o sistema, que produz todos os tipos de células de sangue do corpo - incluindo funções vitais do sistema de imunológico.

Nos transplantes de célula-tronco hematopoética clínica (HSC), a fonte preferencial para a mobilização de células-tronco hematopoéticas de medula óssea na circulação sanguínea periférica é alvejar uma proteína sinalizadora, chamada fator estimulante de colônias de granulócitos ou G-CSF. Ela estimula a medula óssea na liberação de HSCs na circulação do sangue periférico. As falhas de mobilização e as taxas de recuperação atrasadas sugerem a necessidade de uma compreensão mais profunda do processo molecular de mobilização.
Isso levou Geiger e seus colegas a buscarem alvos terapêuticos que aumentariam a mobilização da célula-tronco. Eles trabalharam com camundongos criados especialmente (recombinante camundongos isogênicos) para a pesquisa, pois grande parte do conhecimento atual sobre regulação celular e molecular de G-CSF-induzida de células-tronco vem de estudos com ratos. Como o processo de G-CSF, que mobiliza células-tronco hematopoiéticas e células progenitoras é conservada através da evolução entre ratos e seres humanos, linhagens puras são indicadores valiosos para os estudos que podem ser traduzidos para as pessoas.
Com base em pesquisas anteriores, os cientistas foram capazes de selecionar uma região no cromossomo 11, em seus modelos de rato que regulam o G-CSF, induzindo a mobilização de HSCs. Dos 12 genes localizados nesta região, os testes apontaram para a EGFR, proteína envolvida no desencadeamento de reações moleculares que regulam o crescimento celular, a multiplicação e a migração. Mutações no EGFR também têm sido associadas ao câncer.
Os pesquisadores testaram a influência da via G-CSF/EGFR na mobilização de células-tronco em várias formas, incluindo a manipulação genética e a intervenção farmacológica. Em um experimento fundamental, que envolve ratos submetidos a transplante de medula óssea, os pesquisadores usaram uma droga anti-câncer (erlotinib) que bloqueia o caminho EGFR no reforço de mobilização do HSC. Estes ratos tiveram um aumento cinco vezes maior na mobilização de células-tronco.
"Isto sugere uma possível aplicação destes resultados em clínica", disse Geiger. "Experimentos já estão previstos para testarem se este tratamento inovador para reforçar a mobilização HSC pode se traduzir em novas terapias para pacientes humanos".


Fonte: http://www.isaude.net/pt-BR/noticia/11508/ciencia-e-tecnologia/identificada-via-de-comunicacao-molecular-para-sucesso-do-transplante-de-medula

domingo, 3 de outubro de 2010

Em transplante, criança recebe traqueia feita com suas próprias células-tronco

Médicos acreditam que procedimento deve reduzir o risco de rejeição, já que as células-tronco não irão gerar uma resposta imune

Pela primeira vez no mundo, médicos britânicos e italianos transplantaram uma nova via aérea (traqueia) em uma criança e, para isso, usaram as células-tronco do próprio paciente para reconstruí-la. A traqueia da criança foi despojada de células velhas até o colágeno inerte. As células-tronco foram coletadas da medula óssea do paciente e aplicadas ao enxerto in situ no corpo para reconstruir o componente celular da traqueia. Assim, as células da própria criança foram usadas para fazer sua nova e eficaz via aérea.

Esta é a primeira vez que este procedimento foi realizado em uma criança. É também a primeira vez que todo o comprimento da traquéia foi transplantado. A aplicação desta tecnologia deve reduzir, consideravelmente, o risco de rejeição à nova traqueia, já que as células-tronco da criança não irão gerar uma resposta imune.
A criança sofria de estenose traqueal de segmento longo, possuía uma traqueia minúscula que não iria crescer. A sensação que ela tinha era de respirar através de um canudo e esta é uma doença potencialmente fatal. Trabalhando com parceiros europeus, o Great Ormond Street desenvolveu uma operação de ampliação da traqueia e um "convencional" programa de transplante, como parte de uma equipe multi-disciplinar. Cerca de dez pacientes do Reino Unido e dois pacientes de outras partes da Europa passaram pela cirurgia, no Great Ormonde Street, em um ano, com tempo médio de recuperação de cinco semanas.
O paciente infantil teve uma reparação de longo segmento de estenose congênita da traquéia logo após o nascimento e, posteriormente, exigiu o então relativamente novo transplante de traquéia convencional homoenxerto. Em novembro passado, a saúde da criança se deteriorou, quando um stent de metal utilizado em sua traqueia começou a corroer a aorta, causando sangramento severo. Uma nova solução teve que ser organizada, pois o o risco para a criança era grave. Qualquer transplante envolve o risco de rejeição, já que o sistema imune do hospedeiro pode se voltar contra o órgão do doador.

Jogadores-chave


O professor Paolo Macchiarini, Careggi Hospital Universitário de Florença, Honorary Consultant at GOSH e professor honorário da UCL, juntamente com a Prof Bader, diretor do Stem Cell Biology and Cell Technology, da Universidade de Leipzig, na Alemanha, desenvolveu a ideia de usar o próprio corpo da criança como "bioreator" e as células-tronco para regenerar a traqueia implantada.
A cirurgia no Great Ormond Street foi liderada pelo Professor Martin Elliott, que desenvolveu o primeiro serviço especializado de cirurgia traqueal para crianças da Europa, e que haviam realizado o transplante traqueal anterior sobre esta criança. Antes de substituir a traqueia, foi necessário reparar a aorta em uma complexa cirurgia cardíaca. Dr. Mark Lowdell e colegas (Maryam Sekhavat e Edward Samuel) no Royal Free Hospital, UCL Medical School, recebeu a traqueia doadora da Itália e material da medula óssea do paciente no início da cirurgia. A equipe preparou dois tipos diferentes de células-tronco da criança, bem como um crescimento de sinalização dos produtos químicos e os devolveu para GOSH com a traqueia para a cirurgia.
Macchiarini aplicou as células e os fatores de crescimento para a traqueia na sala de operações para que as células crescessem dentro do tecido para permitir à traqueia se tornar um órgão de trabalho. Ele chama isso de processo 'biônico', usando medicamentos específicos para citocinas para fazer a diferenciação de células estaminais e reconstrução da traqueia. O quarto trabalhador-chave foi o professor Martin Birchal, cirurgião consultor do Hospital especializado em vias aéreas e de voz.
Fonte: http://www.isaude.net/pt-BR/noticia/6074/ciencia-e-tecnologia/em-transplante-crianca-recebe-traqueia-feita-com-suas-proprias-celulas-tronco

sábado, 2 de outubro de 2010

Via bioquímica usada pela melatonina modula a morte de células T

Foco foi avaliar se a melatonina teria um papel na regulação da resposta imune coordenada pelos linfócitos T auxiliares

Ilustração mostra via bioquímica pela qual o hormônio melatonina modula a morte de células T – glóbulos brancos envolvidos com a imunidade celular

Um estudo realizado por pesquisadores brasileiros desvendou a via bioquímica pela qual a melatonina um hormônio produzido pela glândula pineal e em células do sistema imune modula a morte induzida por ativação de determinadas células T, que são glóbulos brancos especializados em coordenar a resposta imune contra tumores e agentes infecciosos.
O estudo teve participação de cientistas do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) e da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da Universidade de São Paulo, do Instituto de Investigação em Imunologia/Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (iii-INCT) e do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Os resultados foram publicados no Journal of Immunology em artigo que mereceu um comentário na mesma edição.
Autor principal do artigo, Gustavo Amarante-Mendes, professor do Departamento de Imunologia do ICB-USP, explicou que a melatonina já é utilizada clinicamente para tratar distúrbios do sono, por exemplo. Mas, até agora, muito pouco foi explorado em relação ao sistema imunológico.
"O foco do estudo foi avaliar se a melatonina teria um papel na regulação da resposta imune coordenada pelos linfócitos T auxiliares. Essa foi a questão científica que uniu nossos grupos em torno desse trabalho" , disse à Agência FAPESP.
O laboratório coordenado por Amarante-Mendes é voltado para o estudo da sinalização e da morte celular em câncer e no sistema imunológico. " Uma de nossas linhas de pesquisa consiste em estudar a regulação da expressão dos ligantes dos receptores de morte celular (" death receptors" ) e a sinalização efetuada quando esses ligantes engajam seus receptores" , explicou.
Os pesquisadores publicaram dois trabalhos na mesma linha de investigação. Um deles, em 2008, na revista Cell Death and Differentiation, mostrou a regulação da expressão de CD95L (FasL) capaz de induzir morte em células que expressam CD95 (Fas) pelo mediador lipídico prostaglandina E2. " No segundo artigo, demonstramos o mesmo tipo de regulação por outra molécula, a melatonina" , disse.
A melatonina, segundo ele, é um hormônio inicialmente descrito como sendo produzido na glândula pineal, mas cada vez mais se consolida o conceito de que ela também é produzida em outros pontos no organismo.
"Aparentemente, em situações inflamatórias a produção de melatonina no próprio local da inflamação é até maior que a produção pineal. Assim, nos interessamos por estudar até que ponto esse hormônio tem o efeito de modular a relação entre o sistema imune e a inflamação" , contou.
Segundo Amarante-Mendes, o interesse por essa questão científica levou seu grupo do ICB-USP a trabalhar em forte colaboração com a equipe liderada por Ana Campa, da FCF-USP coautora do artigo na Journal of Immunology, que detêm profunda expertise sobre a melatonina.
Os primeiros autores do artigo, Alziana Moreno da Cunha Pedrosa e Ricardo Weinlich respectivamente orientandos de doutorado de Ana Campa e de Amarante-Mendes, tiveram Bolsa da FAPESP. Participaram ainda do estudo Giuliana Patricia Mognol, Bruno Kaufmann Robbs e João Paulo de Biaso Viola, todos do Inca.
"A questão fundamental de nosso projeto consiste em saber se o microambiente inflamatório/infeccioso produz algum fator solúvel capaz de desencadear uma via de sinalização extra que controlasse a existência de células T auxiliares" , disse. As células T auxiliares (também conhecidas como Th ou T helper), expressam o marcador de superfície celular CD4 e são os coordenadores da resposta imune chamada adaptativa. Elas proliferam após o contato com o antígeno e são capazes de ativar outros tipos de células com ação efetora.

Expansão imunológica

O grupo demonstrou, no primeiro artigo, que em resposta a padrões moleculares presentes em patógenos, as células apresentadoras de antígeno liberam a prostaglandina E2. "Esse mediador lipídico atua nas células Th, previnindo a expressão de CD95L, que normalmente ocorre após o estímulo antigênico", explicou.
A consequência desses resultados, segundo o professor do ICB-USP, é que, na ausência de CD95L na superfície das células Th, essas deixam de sofrer o fenômeno conhecido como morte celular induzida por ativação (activation-induced cell death (AICD) - permitindo uma maior proliferação dessas células.
"Por outro lado, uma vez que CD95L na superfície dos linfócitos Th também pode estimular a morte da célula apresentadora de antígeno, o bloqueio dessa via também contribuiria para a manutenção da resposta imune mediada pelas células Th", disse.
No primeiro trabalho, segundo Amarante-Mendes, o grupo descreveu uma via de reconhecimento de infecções, gerando um mediador lipídico pelas células apresentadoras.
"No segundo caso, mostramos que a melatonina produzida em resposta inflamatória, com a presença ou não de infecção, também previne o aumento da expressão de CD95L. Nesse caso em particular, descrevemos completamente a via bioquímica, mostrando que a melatonina interfere com a ativação de NFAT, um fator de transcrição que é fundamental para a expressão do CD95L", disse.
Na presença de melatonina, não há ativação do NFAT. Portanto, a transcrição de CD95L não ocorre e isso permite a sobrevivência dos linfócitos Th e expansão da resposta imunológica.
"Nosso objetivo agora, tanto no caso da prostaglandina como no caso da melatonina, é contextualizar esses processos biologicamente em algum sistema de infecção com camundongos, por exemplo. Estamos procurando passar da pesquisa básica sobre sinalização para o entendimento da importância biológica dos nossos resultados", afirmou Amarante-Mendes.

Fonte: http://www.isaude.net/pt-BR/noticia/11450/geral/via-bioquimica-usada-pela-melatonina-modula-a-morte-de-celulas-t

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Surpresas da Doença Celíaca

O estudo de uma enfermidade induzida por alimentos e potencialmente fatal levou à descoberta de um processo que pode tratar de muitos outros distúrbios autoimunes


JUPITER IMAGES (foto); JEN CHRISTIANSEN (foto-ilustração)

Meu voto para a revolução científica mais importante de todos os tempos iria para o Oriente Médio de 10 mil anos atrás, quando se notou pela primeira vez que novas plantas se originam de sementes caídas no chão a partir de outras plantas – constatação que levou ao nascimento da agricultura. Antes dessa observação, as pessoas baseavam sua dieta em frutas, castanhas, tubérculos e eventuais carnes. Tinham de se deslocar para onde a comida estivesse, à mercê dos eventos, tornando impossíveis planejamentos de longo prazo.
Ao descobrir o segredo das sementes, rapidamente aprenderam a cultivar vegetais em casa e, finalmente, a cruzar diferentes plantas gramíneas para criar grãos fundamentais como trigo, centeio e cevada, que eram nutritivos, versáteis, estocáveis e valiosos para comercialização. Pela primeira vez, as pessoas tiveram a chance de abandonar a vida nômade e construir cidades. Não por coincidência, as primeiras áreas agrícolas também se tornaram “berços de civilização”.
Esse avanço, entretanto, cobrou um preço alto: o aparecimento de uma enfermidade agora conhecida como Doença Celíaca (DC), induzida pela ingestão de uma proteína do trigo chamada glúten, ou por proteínas similares no centeio e na cevada. O glúten e seus parentes não faziam parte antes da dieta humana. Mas, uma vez que os grãos começaram a alimentar as crescentes comunidades estáveis, as proteínas passaram também a matar pessoas (frequentemente crianças), quando seus corpos reagiam de forma anormal a elas. A ingestão repetida dessas proteínas resultou em indivíduos sensíveis e incapazes de absorver adequadamente nutrientes dos alimentos. Essas vítimas também sofreriam de dores abdominais recorrentes e diarreia, exibindo corpos definhados e barrigas inchadas de pessoas famélicas. A nutrição deficiente e várias de outras complicações tornaram suas vidas relativamente curtas e sofridas.
Se essas mortes fossem noticiadas na época, sua causa teria sido um mistério. Nos últimos 20 anos, entretanto, os cientistas vêm sistematizando o conhecimento detalhado da DC. Agora sabem que é um distúrbio autoimune, onde o sistema imunológico ataca os tecidos do próprio organismo. E sabem que a doença surge não apenas do consumo do glúten e de seus congêneres, mas também de uma combinação de fatores que incluem genes predisponentes e anomalias na estrutura do intestino delgado.
Além disso, a DC proporciona um exemplo ilustrativo do modo como uma tríade – um indutor ambiental, genes suscetíveis e uma anomalia intestinal – pode exercer um papel em muitos distúrbios autoimunes. As pesquisas sobre DC têm então sugerido novos tipos de tratamento não apenas para a doença em si, mas também para várias outras condições autoimunes, como diabetes tipo I, esclerose múltipla e artrite reumatoide.

Revelações Iniciais

Após o advento da agricultura, milhares de anos se passaram antes que casos de crianças aparentemente bem alimentadas, mas subnutridas, fossem documentados. A Doença Celíaca recebeu um nome no primeiro século d.C., quando Areateus da Capadócia, médico grego, relatou a primeira descrição científica, chamando-a koiliakos, a partir da palavra grega para abdome, koelia. O médico britânico Samuel Gee é creditado como o moderno pai da DC. Em palestra de 1887 ele a descreveu como “um tipo de indigestão crônica encontrada em pessoas de todas as idades, ainda que seja especialmente apta a afetar crianças entre 1 e 5 anos”. Ele suspeitou corretamente que “erros da dieta possam ser talvez uma causa”. Mas a verdadeira natureza da doença escapou até de sua perspicácia, como fi cava claro em sua prescrição dietética: alimentar essas crianças com fatias finas de pão e tostadas em ambos os lados.
A identificação do glúten como causa da doença ocorreu após a Segunda Guerra Mundial, quando o pediatra holandês Willem-Karel Dicke relatou que o racionamento de pão na Holanda em razão da guerra provocou uma queda significativa nos índices de mortalidade entre as crianças afetadas pela DC – de mais de 35% a praticamente zero. Ele também relatou que, quando o trigo voltou a estar disponível após o conflito, os índices de mortalidade retornaram aos níveis prévios. Baseando-se no relato de Dicke, outros cientistas analisaram os diferentes componentes do trigo, descobrindo que a principal proteína naquele grão, o glúten, era a culpada.
Focando-se nos efeitos biológicos do glúten, os pesquisadores notaram que sua exposição repetida em pacientes com DC faz com que as vilosidades – estruturas do intestino delgado com formato de dedos – tornem-se cronicamente inflamadas e danificadas, incapazes de executar sua função normal: quebrar as moléculas dos alimentos e absorver os nutrientes, transportando-os através da parede intestinal em direção à corrente sanguínea para que alcancem todo o corpo. Felizmente, se a doença é diagnosticada suficientemente cedo e o paciente orientado a seguir uma dieta sem glúten, a arquitetura do intestino delgado quase sempre volta ao normal, ou quase isso, e os sintomas gastrointestinais desaparecem.
Em uma pessoa suscetível, o glúten causa essa inflamação e danos intestinais ao induzir a atividade de várias células do sistema imunológico. Essas células, por sua vez, danificam tecidos saudáveis na tentativa de destruir o que elas avaliam ser um agente infeccioso.

Uma Descoberta Diagnóstica

Maiores detalhes dos mecanismos pelos quais o glúten afeta a atividade imunológica ainda estão sendo estudados, mas uma revelação específica já provou sua utilidade no meio clínico: uma característica da resposta imune aberrante ao glúten é a produção de moléculas de anticorpos direcionadas a uma enzima chamada transglutaminase tecidual. Essa enzima vaza a partir de células danificadas em áreas inflamadas do intestino delgado e tenta auxiliar no reparo do tecido circundante.
A descoberta de que esses anticorpos são comuns na DC adicionou uma nova ferramenta para diagnosticar o distúrbio e também permitiu à minha equipe e a outros pesquisadores avaliar a incidência da doença com uma nova abordagem – ao examinar pessoas com presença desses anticorpos no seu sangue. Antes disso, os médicos faziam apenas exames gerais e, por isso, o procedimento mais confiável de diagnosticar a doença era revisar os sintomas dos pacientes, confirmar a inflamação intestinal por uma biopsia do intestino e verificar que uma dieta sem glúten aliviaria os sintomas. (Procurar por anticorpos contra o glúten não define o diagnóstico, pois eles também podem aparecer em pessoas sem DC.)
Durante anos a DC foi considerada uma doença rara fora da Europa. Na América do Norte, por exemplo, os sintomas clássicos foram reconhecidos em menos de uma em cada 10 mil pessoas. Em 2003 publicamos os resultados de nosso estudo – a maior análise de pessoas com DC já conduzida na América do Norte, envolvendo mais de 13 mil pessoas. De modo aterrador, descobrimos que 1 em 133 indivíduos aparentemente saudáveis era afetado, o que significa uma doença cerca de cem vezes mais comum do que se pensava. O trabalho de outros pesquisadores confirmou níveis similares em muitos países, em todos os continentes.
Como 99% dos casos escaparam à detecção por tanto tempo? Os clássicos sinais externos – indigestão persistente e diarreia – aparecem apenas quando regiões grandes e críticas do intestino estão inflamadas. Se um pequeno segmento do intestino é disfuncional ou se a inflamação é leve, os sintomas podem ser menos dramáticos ou atípicos.
Também está claro que a DC frequentemente se manifesta por vários sintomas previamente desprezados, que são provocados por distúrbios locais da absorção de nutrientes do intestino. Alteração da absorção de ferro, por exemplo, causa anemia, e a ingestão deficiente de folato pode levar a uma série de problemas neurológicos. Ao subtrair do corpo nutrientes específicos, a DC pode então produzir sintomas como os da osteoporose, dores articulares, fadiga crônica, baixa estatura, lesões na pele, epilepsia, demência, esquizofrenia e convulsões.
Porque a DC frequentemente se apresenta de um modo atípico, muitos casos ainda permanecem não diagnosticados. Essa nova metodologia para reconhecer a doença em todas as suas formas e em estágios precoces permite que o glúten seja removido da dieta antes que complicações mais sérias se desenvolvam.

Do Glúten à Disfunção Imunológica

A Doença Celíaca proporciona um modelo enormemente valioso para a compreensão dos distúrbios autoimunes, por ser o único exemplo em que a adição ou a remoção de um simples componente ambiental, o glúten, pode ligar ou desligar o processo da doença. (Embora fatores ambientais sejam suspeitos de exercer papéis em outras doenças autoimunes, nenhum foi positivamente identificado.)
Para ver como o glúten pode ter um efeito devastador em algumas pessoas, consideremos como o corpo responde a ele na maioria da população. Naqueles sem DC, o corpo não reage. O sistema imunológico normal entra em ação apenas quando detecta níveis significativos de proteínas estranhas no corpo, reagindo agressivamente porque os forasteiros podem sinalizar a chegada de microrganismos causadores de doenças, como bactérias ou vírus.
Um modo específico de encontrarmos proteínas estranhas e outras substâncias é pela alimentação, e os soldados imunológicos se posicionam sob as células epiteliais que revestem o intestino (enterócitos), prontos para atacar e pedir reforços. Uma razão pela qual nosso sistema imunológico não é estimulado por essa invasão de proteínas três vezes ao dia é que, antes que nossas defesas encontrem algo que poderia trazer problemas a elas, nosso sistema gastrointestinal geralmente quebra a maioria das proteínas ingeridas em aminoácidos padronizados – os blocos de construção a partir dos quais as proteínas são construídas.
O glúten, entretanto, tem uma estrutura peculiar: de modo incomum, é rico em aminoácidos glutamina e prolina. Essa propriedade mantém parte da molécula impenetrável ao nosso sistema de despedaçamento de proteínas, deixando pequenos fragmentos proteicos, ou peptídeos, intactos. Assim, em pessoas saudáveis, a maioria desses peptídeos fica armazenada no trato gastrointestinal e é simplesmente excretada antes que o sistema imune sequer os note. E qualquer partícula de glúten que se esgueira através do epitélio gastrointestinal é geralmente muito pequena para suscitar uma resposta significativa de um sistema imune normal.
Os pacientes com DC, porém, herdaram uma série de genes que contribuem para uma sensibilidade imunológica exacerbada ao glúten. Por exemplo, certas variações de genes codificadores de proteínas conhecidas como antígenos de histocompatibilidade leucocitária (HLAs) têm um papel. Noventa e cinco por cento das pessoas com DC têm o gene HLA DQ2 ou o DQ8, enquanto apenas 30% a 40% da população geral têm uma das duas versões. Este e outros achados sugerem que o HLA DQ2 e o DQ8 não são a única causa da hiperatividade imunológica, mas que a doença, apesar disso, é virtualmente impossível de se estabelecer sem um deles. A razão pela qual esses genes são importantes fica óbvia por estudos da função das proteínas que eles especificam.
As proteínas HLA DQ2 e DQ8 são feitas por células apresentadoras de antígenos. Essas sentinelas imunológicas atacam organismos e proteínas externos, despedaçam-nos, encaixam fragmentos protéicos selecionados em cavidades nas moléculas de HLA, e expõem os complexos HLA-proteína resultantes na superfície celular para reconhecimento por células do sistema imune chamadas linfócitos T-helper. As células T que podem reconhecer e se ligar aos complexos expostos então chamam os reforços.
Em pacientes com DC, a transglutaminase tecidual liberada por células epiteliais intestinais se liga ao glúten não digerido e modifica os peptídeos de um modo que os capacita a se ligarem fortemente às proteínas DQ2 e DQ8. Consequentemente, quando as células apresentadoras de antígenos sob as células epiteliais intestinais expõem os complexos de transglutaminase tecidual e glúten, as células unem o glúten aos HLAs e os enviam para a superfície celular, onde eles ativam células T, induzindo-as a liberar citocinas e quimiocinas (substâncias químicas que estimulam a atividade imunológica tardia). Essas substâncias químicas e o aumento das defesas imunes seriam valiosos em face de um ataque de microorganismos, mas nesse caso não são adequados e lesionam as células intestinais responsáveis pela absorção de nutrientes. Os pacientes com DC também tendem a ter outras predisposições genéticas, como a propensão à superprodução do estimulante imunológico IL-15 e por abrigar células imunológicas hiperativas que preparam o sistema imune a atacar o intestino em resposta ao glúten.

Culpado por Associação

Que papel podem cumprir os anticorpos contra a transglutaminase tecidual nessa resposta patológica ao glúten? A resposta ainda está incompleta, mas os cientistas têm alguma ideia sobre o que poderia acontecer. Quando as células epiteliais intestinais secretam transglutaminase tecidual, as células B do sistema imune a ingerem – isoladas ou associadas ao glúten. Elas então secretam anticorpos direcionados à enzima. Se os anticorpos se dirigem para a transglutaminase tecidual depositada ou próxima às células epiteliais intestinais, os anticorpos poderiam danifi car as células diretamente ou provocar outros processos destrutivos. Mas ninguém ainda sabe se eles, de fato, causam essa destruição.
Nos últimos nove anos meus colegas e eu aprendemos que a permeabilidade intestinal alterada também parece participar da DC e de outras doenças autoimunes. Com certeza, um crescente grupo de evidências sugere que virtualmente o mesmo trio de fatores dá base à maioria das, e talvez a todas, as doenças autoimunes: uma substância ambiental apresentada ao organismo, uma tendência genética do sistema imune a reagir de modo exacerbado a essa substância e um intestino alteradamente permeável.

Encontrando o Ponto Fraco

É justo dizer que inicialmente foi recebida com certo ceticismo a teoria de que um intestino vulnerável contribui para a DC e doenças autoimunes em geral, em parte por causa da maneira como os cientistas analisam o intestino. Quando eu era estudante de medicina nos anos 70, o intestino delgado era descrito como um cano composto de uma única camada de células, comparadas a ladrilhos fixados com aplicações de um “cimento” impermeável, chamadas de complexos juncionais intercelulares. Pensava-se que as junções mantinham tudo, exceto as pequenas moléculas, distante dos componentes do sistema imune no tecido subjacente aos tubos. Esse modelo simples das junções como um rejunte inerte e impermeável não inspirava legiões de pesquisadores a estudar sua estrutura, e eu estava entre os não entusiasmados.
Foi somente uma mudança de rumo inesperada, e um dos momentos mais desapontadores de minha carreira, que me levou ao estudo das junções. No final dos anos 80 eu estava trabalhando em uma vacina contra a cólera. Naquele tempo, acreditava-se que a toxina colérica seria a única causa da devastadora diarreia característica daquela infecção. Para testar essa hipótese, minha equipe anulou o gene codificador da toxina colérica da bactéria Vibrio cholerae. O senso comum sugeria que as bactérias desarmadas dessa maneira comporiam uma vacina ideal, pois as proteínas remanescentes em uma célula bacteriana viva provocariam uma forte resposta imune que protegeria contra a diarreia.
Mas, quando administramos nossas bactérias atenuadas a voluntários, a vacina provocou neles tanta diarreia que bloqueamos seu uso. Eu me senti completamente desencorajado. Anos de trabalho árduo escorreram literalmente pelo ralo e nos defrontamos com duas opções nada atraentes: desistir e caminhar para outro projeto de pesquisa, ou insistir e tentar entender o que dera errado. A intuição de que havia mais coisas nessa história nos inspirou a escolher a segunda alternativa, e essa decisão nos levou a descobrir uma nova toxina que causava diarréia por um mecanismo não descrito previamente. Este mudava a permeabilidade do intestino delgado ao desarticular aqueles complexos juncionais supostamente inertes, um efeito que permitia aos fluidos escaparem dos tecidos para o intestino. Esse “cimento” era interessante, afinal.
De fato, quase ao mesmo tempo uma série de descobertas seminais esclareceu que uma sofisticada mescla de proteínas forma os complexos juncionais; entretanto, poucas informações estavam disponíveis sobre o modo como essas estruturas eram controladas. Portanto, a descoberta da nossa toxina, que chamamos de zonula occludens, ou Zot (zonula occludens é complexo juncional em latim), proporcionou uma ferramenta valiosa para esclarecer o processo de controle. Ela revelou que uma única molécula, Zot, poderia afrouxar a complexa estrutura do complexo juncional. Nós também observamos que o sistema de controle que tornava possível esse afrouxamento era muito complicado para ter evoluído simplesmente para causar danos biológicos para o hospedeiro. O V. cholerae deve causar diarreia ao explorar uma via preexistente do hospedeiro que regula a permeabilidade intestinal.
Cinco anos após formular essa hipótese, descobrimos a zonulina, uma proteína que aumenta a permeabilidade intestinal em humanos e outros animais superiores pelo mesmo mecanismo do Zot bacteriano. Como o corpo usa a zonulina em seu beneficio é algo a definir. O mais provável é que essa molécula, secretada pelo tecido epitelial intestinal assim como pelas células de outros órgãos (complexos juncionais têm funções importantes em tecidos de todo o corpo), executa várias tarefas – incluindo a regulação do movimento dos fluidos, grandes moléculas e células imunológicas entre os compartimentos corporais.
A descoberta da zonulina nos induziu a analisar a literatura médica para distúrbios humanos caracterizados pela permeabilidade intestinal aumentada. Foi então que observamos, para minha surpresa, que muitas doenças autoimunes – entre as quais a DC, diabetes tipo I, esclerose múltipla, artrite reumatóide e doenças inflamatórias intestinais – têm como denominador comum a permeabilidade intestinal aberrante. Em muitas dessas doenças, o aumento da permeabilidade é causado por níveis anormalmente elevados da zonulina. E, na DC, está claro agora que o próprio glúten estimula a secreção exagerada de zonulina (talvez por causa da composição genética do paciente).
Essa descoberta nos levou a propor que é a permeabilidade intestinal, aumentada nos pacientes com DC, que permite ao glúten, o fator ambiental, escapar do intestino e interagir livremente com elementos geneticamente sensibilizados do sistema imunológico. Esse mecanismo, por si, sugere que remover qualquer fator da trindade causadora da alteração autoimune – o gatilho ambiental, a reatividade imunológica elevada ou a permeabilidade intestinal – seria suficiente para interromper o processo da doença.

Terapias para Derrubar a Trindade

Como mencionei antes, e como essa teoria prevê, a remoção do glúten da dieta termina por sanar o dano intestinal. Infelizmente, manter uma dieta estritamente livre de glúten a longo prazo não é fácil. O glúten é um item comum e, em muitos países, um ingrediente não citado na dieta humana. Além da aderência complicada, produtos sem glúten são menos disponíveis e mais caros que suas contrapartidas. Além disso, aderir perfeitamente durante anos a qualquer dieta para propósitos médicos é notoriamente desafiador. Por essas razões, a terapia dietética é uma solução incompleta.
Consequentemente, consideraram-se várias estratégias terapêuticas alternativas que bloqueiem pelo menos um dos elementos do processo triplo. A Alvine Pharmaceuticals, em San Carlos, Califórnia, desenvolveu terapias orais proteico-enzimáticas que quebram completamente os peptídeos do glúten normalmente resistentes ao processo digestivo, e tem um agente em estudos clínicos. Outros pesquisadores consideram meios para inibir a transglutaminase tecidual, de modo que ela não modifique quimicamente os fragmentos de glúten, não digeridos na forma em que eles se ligam efetivamente às proteínas HLA DQ2 e DQ8.
Ninguém ainda sugeriu maneiras seguras e éticas de manipular os genes que tornam as pessoas suscetíveis à doença. Mas pesquisadores se ocupam em desenvolver terapias que possam desestimular alguns dos fatores geneticamente controlados que contribuem para a hipersensibilidade do sistema imune. Por exemplo, a empresa australiana Nexpep está trabalhando em uma vacina que exporia o sistema imune a pequenas porções de glúten fortemente imunogênicas, na premissa de que exposições pequenas e repetidas definitivamente induziriam o sistema imune a tolerar o glúten.
Visando combater o defeito da barreira intestinal, eu ajudei a fundar a Alba Therapeutics para explorar o potencial de um inibidor da zonulina chamado Larazotide. (Atualmente, sou consultor científico e acionista da Alba, mas não participo mais da formulação de decisões da companhia.) O Larazotide foi testado em dois estudos humanos para avaliar sua segurança, tolerabilidade e sinais de eficácia em pacientes celíacos que comem glúten. Esses foram estudos de padrão-ouro – testes aleatórios e controlados com placebo, nos quais nem os pesquisadores que prescrevem as drogas nem os pacientes sabem quem recebe a droga e quem recebe o placebo, até que o estudo se encerre.
Juntos, os testes não registraram excesso de efeitos colaterais em pacientes que receberam o Larazotide, em comparação aos que receberam o placebo. E o mais importante: o primeiro e menor estudo demonstrou que o agente reduziu a disfunção da barreira intestinal induzida pelo glúten, a produção de moléculas inflamatórias e sintomas gastrointestinais em pacientes celíacos. E o segundo e maior estudo, relatado em uma palestra em abril, mostrou que os pacientes com DC que receberam placebo produziram anticorpos contra a transglutaminase tecidual, mas o grupo tratado não o fez. Até onde sei, esse resultado marca a primeira vez que uma droga interrompeu um processo autoimune, interferindo especificamente em uma resposta imunológica contra uma molécula produzida pelo corpo. Outras drogas que suprimem a atividade imunológica atuam menos especificamente. Recentemente, a Alba recebeu aprovação da FDA para expandir os estudos do Larazotide para outros distúrbios autoimunes, incluindo diabetes tipo I e doença de Crohn.
Essas novas perspectivas terapêuticas não significam que os pacientes com DC podem abandonar as restrições alimentares a qualquer momento. A dieta poderia também ser usada de uma nova maneira. Sob a liderança de Carlo Catassi, minha equipe na University of Maryland iniciou um estudo clínico de longa duração para testar se bebês em alto risco, não comendo nada que contenha glúten até depois de seu primeiro ano, podem ter atrasada a instalação da DC ou, melhor ainda, preveni-la inteiramente. “Alto risco”, nesse caso, significa bebês com genes suscetíveis e seus familiares mais próximos com histórico do distúrbio.
Suspeitamos que a abordagem pudesse funcionar, porque o sistema imune amadurece dramaticamente nos primeiros 12 meses de vida e porque pesquisas com bebês suscetíveis mostraram que evitar o glúten durante essa fase desenvolve o sistema imune para tolerar o glúten nos anos seguintes, como fazem as pessoas saudáveis, em vez de serem hiperestimuladas por ele. Até agora, mais de 700 crianças geneticamente potencialmente suscetíveis participaram desse estudo, e conclusões preliminares sugerem que retardar o consumo de glúten reduz em quatro vezes a probabilidade do desenvolvimento da DC. Serão necessárias décadas, entretanto, até sabermos com certeza se essa estratégia pode impedir o próprio aparecimento da doença.
Considerando a base aparentemente comum entre os distúrbios autoimunes em geral, pesquisadores dessas condições estão ansiosos para verificar se algumas estratégias terapêuticas para a DC poderiam também ser úteis para outras doenças autoimunes atualmente sem bons tratamentos disponíveis. E, com várias abordagens diferentes na estratégia de tratamento da DC, podemos esperar que essa doença, atormentando a humanidade desde o início da civilização, vive seu último século na Terra.

CONCEITOS-CHAVE

- A Doença Celíaca (DC) é um distúrbio autoimune desencadeado pela ingestão de glúten, uma proteína importante no trigo, ou de proteínas similares em outros grãos.
- Pesquisas sobre as causas básicas indicam que o distúrbio se desenvolve quando uma pessoa exposta ao glúten tem também uma suscetibilidade genética para a DC e uma parede intestinal anormalmente permeável.
- De modo surpreendente, essencialmente o mesmo trio – um gatilho ambiental, uma predisposição genética e um “intestino vulnerável” – parece ser também a base para outras doenças autoimunes. Essa descoberta aumenta as possibilidades de que novos tratamentos para a DC possam também melhorar outros distúrbios.

[CIÊNCIA BÁSICA] - DIGESTÃO NORMAL
No trato digestivo normal, o alimento parcialmente processado no estômago entra no intestino delgado, que é revestido com projeções em forma de dedos chamadas vilosidades. Enzimas pancreáticas e na superfície das células epiteliais constituintes das vilosidades (enterócitos) quebram a maior parte do alimento até seus componentes menores – como glicose e aminoácidos. Então esses nutrientes passam para a corrente sanguínea para alimentar os tecidos por todo o corpo. A Doença Celíaca altera a absorção de nutrientes ao danificar os enterócitos e ao achatar as vilosidades, o que reduz a superfície disponível para interagir com os alimentos.


GETTY IMAGES (sistema digestivo); JEN CHRISTIANSEN (fotoilustração); KIM MOSS – ELECTRONIC PUBLISHING SERVICES, INC. (ilustração do intestino
FATOS RÁPIDOS
- Cerca de 1% da população global tem Doença Celíaca, embora a maioria não saiba disso.

- Mais de 2 milhões de pessoas nos EUA são atingidas pela doença.
- Alguns sintomas comuns em bebês e crianças são dores abdominais, inchaço, obstipação, diarreia, perda de peso e vômitos.
- Cerca de metade dos adultos com o distúrbio não sofrem de diarreia no diagnóstico.
- Outros sinais que podem ocorrer em adultos são: anemia, artrite, perda de massa óssea, depressão, fadiga, infertilidade, dores articulares, convulsões e entorpecimento nas mãos e pés.

[VISÃO GERAL] - UMA TRÍADE DE CAUSAS
Três fatores estão por trás da Doença Celíaca: gatilho ambiental, suscetibilidade genética e, de acordo com as pesquisas do autor, intestino anormalmente permeável. O autor suspeita que a mesma tríade básica contribua em outras doenças autoimunes, embora cada distúrbio tenha os próprios gatilhos e componentes genéticos.

GATILHO
A proteína glúten, abundante no endosperma no caroço do trigo, causa a resposta imune aberrante. Proteínas relacionadas na cevada e no centeio (hordeína e secalina) fazem o mesmo.
PREDISPOSIÇÃO GENÉTICA
Quase todos os pacientes têm os genes para a proteína HLA-DQ2 ou HLA-DQ8, ou ambas. Essas moléculas de HLA expõem fragmentos de glúten às células do sistema imunológico, que então direcionam um ataque ao epitélio intestinal. Outros genes estão normalmente envolvidos também, mas esses coadjuvantes adicionais podem diferir de pessoa para pessoa.
INTESTINO DELGADO VULNERÁVEL
Na maioria das pessoas, ligações conhecidas como complexos juncionais “colam” as células intestinais umas às outras. Naquelas com Doença Celíaca, as junções se afastam, permitindo que uma grande quantidade de fragmentos indigeríveis de glúten vaze ao tecido subjacente e incite as células do sistema imune. Tratamentos que reduzem a vulnerabilidade poderiam potencialmente atingir não apenas a Doença Celíaca, mas também outros distúrbios autoimunes envolvendo intestinos anormalmente permeáveis.
KIM MOSS Electronic Publishing Services, Inc.
[MISTÉRIO] - Pista Para o Atraso do Começo

Pessoas com Doença Celíaca nasceram com uma suscetibilidade genética para isso. Então por que alguns indivíduos não mostram evidências da doença até uma fase tardia? No passado, eu diria que o processo da doença provavelmente ocorreria no início da vida, mas de modo muito suave para causar sintomas. Mas agora parece que uma resposta diferente, que tem a ver com as bactérias encontradas no trato digestivo, pode ser mais correta.
Esses micro-organismos, conhecidos coletivamente como o microbioma, podem diferir de pessoa para pessoa e de uma população para outra, e até variando no mesmo indivíduo em função da progressão de sua vida. Aparentemente eles podem também influenciar quais genes em seus hospedeiros estão ativos em um determinado momento. Portanto, uma pessoa que tem seu sistema imune programado para tolerar glúten por muitos anos pode repentinamente perder a tolerabilidade, se o microbioma se modifica de modo a fazer os genes de suscetibilidade, anteriormente inertes, se tornarem ativos. Se essa ideia estiver correta, a Doença Celíaca poderia um dia ser prevenida ou tratada pela ingestão de microrganismos auxiliares selecionados, ou “probióticos”. – A.F.

POR QUE É DIFÍCIL SUBSTITUIR O TRIGO
O glúten é a principal razão pela qual os produtos de panificação feitos com trigo são leves e aerados. Durante o cozimento, as bordas do glúten aprisionam água e gás carbônico (de fungos e outros agentes fermentantes) e se expandem. Para fazer produtos livres de glúten, os padeiros geralmente combinam vários tipos de farinha (além de féculas e aditivos), pois não há uma variedade única que mimetize as propriedades da farinha de trigo. Essa necessidade aumenta significativamente o custo do produto resultante. Isso também explica por que os produtos livres de glúten sofrem na comparação de sabor e textura com suas contrapartidas que contêm glúten. – A.F


JIM MCKNIGHT AP Photo

[OLHANDO ADIANTE] - IDEIAS DE TRATAMENTOS
Hoje os pacientes com Doença Celíaca têm uma opção terapêutica: evitar todos os alimentos que contenham glúten. Mas já que seguir uma dieta restritiva pode ser difícil, pesquisadores estão explorando outras opções para os pacientes, como essas listadas abaixo. Esses são passos iniciais do processo; nenhuma das drogas da tabela chegou aos estudos clínicos avançados necessários para ganhar a aprovação para o mercado


FONTES: WWW.CLINICALTRIALS.GOV; “DIAGNOSIS AND TREATMENT OF CELIAC DISEASE,” POR L. M. SOLLID E K.E.A. LUNDIN, EM MUCOSAL IMMUNOLOGY, VOL. 2, NO 1; JANEIRO DE 2009
 Mechanisms of disease: the role of intestinal barrier function in the pathogenesis of gastrointestinal autoimmune diseases. Alessio Fasano e Terez Shea-Donohue em Nature clinical practice gastroenterology & hepatology, vol. 2, no 9, págs. 416-422; setembro de 2005.


Diagnosis and treatment of celiac disease. L. M. Sollid and K.E.A. Lundin em Mucosal immunology, vol. 2, no 1, págs. 3-7; janeiro de 2009.

Alessio Fasano é professor de Pediatria, Clínica Médica e Fisiologia e diretor do Centro de Pesquisas em Biologia de Mucosas e do Centro de Pesquisas em Doença Celíaca da University of Maryland School of Medicine. Muito de suas pesquisas básicas e clínicas focaliza o papel da permeabilidade intestinal no desenvolvimento da Doença Celíaca e outros distúrbios autoimunes.

Fonte: http://www2.uol.com.br/sciam/reportagens/surpresas_da_doenca_celiaca_imprimir.html