quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Artigo: ALIMENTAÇÃO E SISTEMA IMUNOLÓGICO

ALIMENTAÇÃO E SISTEMA IMUNOLÓGICO

Alexandre Abujamra Tomasini, Ana Paula Nicolau, Fabiana Lira, Laiana Karla Maduenho, Laryssa Fontana Henriques.

RESUMO

O sistema imunológico é o responsável por fazer o combate das doenças e patogenias, causadas por vírus, bactérias, fungos, proteínas e outros antígenos.
Alguns tipos de alimentos como as vitaminas A, C, E e ácido fólico, juntamente com os minerais, selênio e o zinco ajudam a manter esse sistema funcionando perfeitamente, evitando e tratando doenças.

Palavras-chave: Sistema Imunológico, alimentos, vitaminas.


INTRODUÇÃO

Pouco tempo após nascermos já estamos expostos a muitos agentes causadores de patogenias, como as bactérias, vírus, fungos e outras substâncias estranhas que podem invadir e agredir nosso organismo. No entanto, possuímos um sistema capaz de nos proteger, de infecções e outros danos, causados por estes agentes, o sistema imunológico.
A função fisiológica do sistema imunológico é a defesa contra micro-organismos infecciosos. Entretanto, até mesmo substâncias estranhas não infecciosas podem desencadear uma resposta imunológica. (ABBAS, 2008).
Porém, esse sistema pode muitas vezes ficar fragilizado, debilitado, e quando isso nos acontece, nos tornamos suscetíveis a todos os agentes estranhos causadores de doenças, que tendem a provocar resfriados, gripes ou outras doenças mais sérias, como infecções e outros. Existem vários fatores que podem levar a essa debilitação, entre eles um das mais importantes é a influência de alguns alimentos, na dieta consumida.
Alimentos exercem grande influência no funcionamento do sistema imune, um organismo bem nutrido, que possui uma dieta balanceada consumindo frutas, verduras, legumes e grãos está muito mais bem preparado para enfrentar gripes, infecções e outras doenças do que um indivíduo mal nutrido, cujo cardápio é rico em alimentos gordurosos, processados e com excesso de açúcar. Isto porque as vitaminas e minerais que potencializam as nossas defesas orgânicas estão presentes em grande quantidade nas frutas, grãos e hortaliças em geral. "Muitas das importantes infecções das populações humanas tornam-se mais severas quando há má-nutrição e muitas infecções isoladamente causam alterações nutricionais".( SCRIMSHAW, em 1959).
Muitas doenças crônicas, incluindo infecções, arterosclerose, artrite, câncer tem suas raízes em alterações do sistema imune e seu curso pode ser alterado com o uso de tratamentos nutricionais. Os nutrientes derivados das proteínas, carboidratos e gorduras, assim como os micronutrientes, vitaminas e minerais interagem sistematicamente nos diversos compartimentos do sistema imune. O efeito de qualquer nutriente específico depende de sua concentração e de sua interação com os outros nutrientes. Além disso, os antígenos (Ag) alimentares quando são absorvidos podem estimular uma resposta imune causando uma resposta inflamatória ou levando ao desenvolvimento de uma tolerância imune.
As proteínas alimentares são ao mesmo tempo fatores nutricionais indispensáveis e também fortemente antigênicos, portanto o desenvolvimento de uma resposta imune adequada a estas substâncias é muito grave; se for intensa não só pode diminuir a absorção das mesmas mas também pode causar reações potencialmente perigosas (alergias alimentares). Por outro lado e ao mesmo tempo, a incapacidade de eliminar micro-organismos ingeridos pode trazer conseqüências patológicas conhecidas. A exposição pós-natal a antígenos alimentares e a aquisição da flora intestinal são eventos críticos que modulam o desenvolvimento do sistema imunológico e a indução de tolerância oral a uma variedade de antígenos ingeridos.
Os benefícios da tolerância oral às proteínas alimentares são óbvios, mas cerca de 8% das crianças e 1% dos adultos tem hipersensibilidade a alimentos ou alergias. As alergias alimentares acontecem quando o sistema imunológico reconhece algum componente do alimento como uma substância estranha e perigosa. Então, ao ser ativado na tentativa de se defender deste ataque, libera substâncias que provocam diversas reações que podem atingir o sistema digestivo (dor abdominal, náuseas, diarréia), o sistema respiratório (dificuldade respiratória, tosse, rinite), o sistema cardiovascular (taquicardia), a pele (eczemas ou vermelhidão), o sistema nervoso (enxaquecas) e, dependendo da intensidade da reação, podem provocar o chamado edema de glote. Esta condição se associa tipicamente a reações mediadas pela IgE a glicoproteínas dos alimentos, embora existam alergias não mediadas pela IgE. As alergias alimentares habitualmente são familiares (principalmente às nozes, grãos, ostras, etc.) o que origina respostas gastrintestinais, angioedema, rinoconjuntivite e, embora menos freqüentemente, asma. Os sintomas ocorrem quando o antígeno junta-se à IgE específica, localizada nos mastócitos, levando a desgranulação dos mesmos com liberação de histamina, serotonina e peptídeos vasoativos. A exposição neo-natal precoce ao antígeno tem implicações profundas à longo prazo, conduz, a depender dos casos à indução de tolerância, sensibilização alérgica e imunidade protetora.
É importante fazer referência aos estados leves de desnutrição, inaparentes, ocasionados pela dieta ocidental habitual, considerada normal, pobre em frutas, verduras frescas, legumes e grãos integrais; rica em farinhas e açucares refinados (que são privados de suas fibras e micronutrientes), excessiva em proteínas animais, gorduras saturadas e em azeites alterados quimicamente(por hidrogenação e/ou geração de isômeros trans). Estes são prováveis fatores de peso no surgimento precoce de doenças imunológicas próprias da velhice: aterosclerose, câncer, doenças auto-imunes. Nos últimos anos notou-se um aumento da incidência de doenças auto-imunes e câncer, em relação com a diminuição de doença cardiovascular devido ao aumento da ingestão de azeite de oliva.


1. FONTES DE VITAMINAS E MINARAIS

As principais vitaminas e minerais que atuam fortalecendo nosso sistema imunológico são as vitaminas A, C, E e ácido fólico, e os minerais zinco e selênio.


1.2 VITAMINA A

A vitamina A pré-formada é encontrada apenas em alimentos de origem animal. Sua deficiência é um problema sério de saúde pública, sendo a maior causa de mortalidade infantil em países em desenvolvimento. Uma deficiência prolongada pode produzir alterações na pele, cegueira noturna, ulcerações na córnea que podem levar à cegueira, distúrbios de crescimento e dificuldade de aprendizado na infância (WHO/UNICEF, 1995). Por outro lado, a vitamina A em excesso é tóxica, podendo causar má formação congênita se ingerida em excesso durante a gravidez e doenças ósseas em portadores de deficiência renal crônica. Os carotenóides são convertidos em vitamina A, à medida que o organismo necessita, com graus variáveis de eficiência. As formas de caroteno pró-vitamina A são encontradas nas hortaliças folhosas verde-escuras e nas amarelo-alaranjadas. Essa vitamina apresenta um papel muito importante na manutenção da integridade das membranas mucosas. Por isso, a sua deficiência no nosso organismo provoca uma redução do número de linfócitos T circulantes, aumentando a probabilidade de infecções bacterianas, virais ou parasitárias. Os alimentos considerados ricos nessa vitamina são: cenoura, abóbora, fígado, batata doce, damasco seco, brócolis e melão.

1.3 VITAMINA C

Essa vitamina antioxidante estimula a resistência às infecções através da atividade imunológica de leucócitos. Ela aumenta a produção dessas células de defesa, que tem efeito direto sobre bactérias e vírus, elevando a resistência a infecções. Acerola, frutas cítricas (limão, laranja, lima), kiwi, caju, espinafre, tomates e vegetais folhosos crus, morangos, repolho e pimentão verde são fontes excelentes dessa vitamina. Porém, deve se estar atento na hora de consumir, a vitamina C é facilmente destruída pela luz e pelo calor. Um suco de laranja com acerolas, por exemplo, deve ser consumido imediatamente após preparo para que não haja grande perda da vitamina C.



1.4 VITAMINA E

Essa vitamina tem a capacidade de interagir com as vitaminas A e C e com o mineral selênio, agindo como antioxidante. Sua função primordial é proteger as membranas celulares contra substâncias tóxicas, radiação e os temerosos radicais livres que são liberados em qualquer reação química do organismo e podem causar sérios danos às estruturas das células, detonando o processo de envelhecimento e desencadeamento de algumas formas de carcinogênese. Alimentos ricos em vitamina E são o gérmen de trigo (fonte mais importante), óleos de soja, arroz, algodão, milho e girassol, amêndoas, nozes, castanha-do-pará, gemas, vegetais folhosos e legumes.


1.5 ÁCIDO FÓLICO
Essa vitamina é essencial para a formação dos leucócitos (glóbulos brancos) na medula óssea. As melhores fontes são fígado, feijão, hortaliças de folhas verde-escuras, principalmente aspargo, brócolis e espinafre, e frutas como abacate, laranja, morango e tomate. Entre 25 e 50% do folato da dieta é nutricionalmente disponível. De 50 a 95% é perdido durante o processamento e o preparo doméstico do alimento, principalmente em altas temperaturas. Uma perda considerável ocorre durante o armazenamento de hortaliças à temperatura ambiente. Assim, recomenda-se o consumo de hortaliças frescas e cruas ou pouco cozidas. O álcool interfere na sua absorção e/ou aumenta a sua excreção. O folato é destruído por drogas, anticoncepcionais e cafeína.

1.6 SELÊNIO

Assim como a vitamina E, esse mineral possui grande capacidade antioxidante, ou seja, neutraliza a ação dos radicais livres (formados devido a ação dos raios solares, poluição, fumaça de cigarro, entre outros) no nosso corpo, retardando o processo de envelhecimento e evitando o desencadeamento de algumas formas de câncer. Está presente, entre outros alimentos, em castanha-do-pará, alimentos marinhos, fígado, carne e aves, em brócolis, couve, aipo, pepino, cebola, alho e rabanete.


1.7 ZINCO

No sistema imunológico o zinco desempenha papel fundamental, pelo fato de as células do sistema imune apresentar altas taxas de proliferação, e este mineral estar envolvido na tradução, transporte e replicação do DNA. O zinco pode, ainda, afetar o processo de fagocitose dos macrófagos e neutrófilos, interferir na lise celular mediada por células natural killer e ação citolítica das células T. A influência direta do zinco no sistema imune acontece devido a este elemento estimular a atividade de enzimas envolvidas no processo de mitose, como a DNA e a RNA polimerase, timidina quinase, desoxiribonucleotidol terminal transferase e ornitina descarboxilase. A deficiência de zinco está relacionada com a atrofia do timo, assim como de outros órgãos linfóides e a linfocitopenia (grande diminuição do número de linfócitos) em animais e humanos. A modificação nas proporções de linfócitos pode contribuir para o desequilíbrio do sistema imunológico, afetando sua resposta e sua regulação.






CONCLUSÃO

Hoje já está comprovado que o consumo de uma dieta saudável, é essencial para manutenção do ótimo funcionamento do sistema imune, prevenindo, e até combatendo doenças. Uma alimentação saudável deve ser capaz de reduzir os níveis de marcadores inflamatórios, favorecendo a produção de citocinas antiinflamatórias, contribuindo para a prevenção ou o controle de doenças. Tal dieta deve apresentar teor energético capaz de manter o peso corporal adequado, sendo composta por teor moderado de gordura, baixos teores de açúcares simples, de gorduras trans e saturada, sendo rica em frutas, hortaliças e alimentos integrais.(Júnia M. Geraldo; Rita de C. G. Alfenas, 2008).

'Faça do alimento o seu medicamento' (Hipócrates. 377 a.C.)




















REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABBAS, Abul K., LICHTMAN, Andrew H. Imunologia celular e molecular. 6 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.
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http://portaldahepatite.com.br, acesso em 21/10/2010, às 14:52.


SALGADO, Jocelem Mastrodi. "Previna Doenças. Faça do Alimento o seu Medicamento". São Paulo: Madras, 2006.


PEREIRA, Regina Célia. Alimente seu sistema imune. Disponível em: . Acesso em 13 de outubro de 2010.

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